No Fórum Econômico Mundial em Davos – Suiça de 2014 nosso ministro da Fazenda, Guido Mantega contestou a afirmação do presidente deste, Klaus Schwab, afirmando que “não há crise de meia idade nos Brics”.
Estendendo a discussão para além dos países que fazem parte do Bric (Brasil, Russia, India e China) muitos acreditam verdadeira a tese da Convergência entre países chamados de emergentes e os países ricos. Ela no entanto, parece somente fazer sentido em períodos de crescimento da economia mundial e, junto dele, do preço das commodities, em grande parte ofertadas por estes países.
Claro que quando isso ocorre vem a reboque a elevação da renda média da população e com isso, um ciclo virtuoso, de elevação da demanda e o consequente crescimento da economia a taxas bem superiores à média dos países desenvolvidos. É a ideia mítica de convergência entre estes países apoiada na armadilha da renda média que tão bem defende o autor do livro “Breakout Nations: In Pursuit of the next economic miracles” publicado pela editora Norton em 2012, Ruchir Sharma.
Esta é a principal razão para que países emergentes, ao atingirem um nível de renda média bem mais elevada do que tinham há cerca de uma década, perdem impulso. Seja pela natural retração no valor de mercado das commodities, causado por uma retração na economia mundial, mas principalmente pela falta de respaldo, de alicerce, que ocorre quando este aumento de renda média, não vem acompanhado por outro tipo de investimento/desenvolvimento. Neste ponto voltamos ao nosso bem conhecido problema. Todos nós sentimos falta no Brasil de investimentos em educação, em primeiro lugar, seguido de em infraestrutura, em transporte público, em assistência à saúde e em saneamento.
Assim economias emergentes puxadas por commodities como Rússia e Brasil, perdem força em momentos em que o mercado mundial perde força.
Carregar na mão no baixo crescimento da economia mundial para explicar o nosso “pibinho” é uma cortina de fumaça aliás, de péssima qualidade. O que precisamos sim é fazermos nosso dever de casa o quanto antes. Com todas as dificuldades deste novo tempo se comparado com aquele em que vivemos de 2003 a 2008 onde tudo eram flores considerando o dinamismo da economia mundial em especial da China e dos EUA.
1 Comentário
Prezado Claudio
Obrigado pelo envio do Blog. Foi o primeiro que abri na vida… e gostei. Parabéns pela síntese e objetividade. Faço meu comentário:
Incluir a China no coletivo Bric não é justo nem certo. A China , nos últimos 30 anos,saiu do nada e se transformou na maior força econômica e política da atualidade. Enquanto os demais “Brics”, e principalmente o Brasil, tiveram avanços econômicos e políticos esporádicos e limitados.
São 1,3 bilhão de chineses se beneficiando de crescimento sustentado (30 anos) de renda, de qualidade de vida e, principalmente, de esperança para um futuro melhor para seus descendentes.Não é o nosso caso, certo ? abs.